segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Words of a dying

Não suportava mais. Não iria permitir-se suportar mais. Tinha sido dominado, como temia, por aquele cansaço de espírito, de alma.
Era ainda tão novo, tão poucos anos vividos, no entanto sentia-se um velho, no limite do seu tempo. Tinha feito tudo o que era suposto um jovem fazer: obedecer aos pais, rebelar-se, redimir-se, apaixonar-se, magoar, sentir-se traído e abandonado, procurar algo para preencher o vazio que existia em si, ir em busca do seu sonho, desiludir-se, resignar-se à vida que tinha. Apesar do que ainda podia viver e concretizar, sentia-se estranhamente satisfeito e realizado com a sua pequena vida.
Poderia considerar os seus pais como “normais”, vindos, não de famílias extravagantes, ricas e poderosas, de famílias simples e nobres. A sua relação com os irmãos espelhava o que qualquer uma, dita normal entre irmãos, deveria ser: as discussões, as atribuições de culpa, o sentido de responsabilidade pelos mais novos, o orgulho pelos mais velhos. O seu companheiro, o seu amor, depois de tantos efémeros, era tudo o que poderia pedir: apaixonado, feito de pequenos gestos insignificantes, pensava seu amor, mas que para ele de banais pouco ou nada tinham. Preocupava-se (demasiado, por vezes) consigo, com o seu bem-estar. Conseguia reconhecer o mais leve sentimento de infelicidade ou simples desanimo nos seus olhos cinzentos, escuros. Isso perturbava-o: não podia perder-se nos seus pensamentos mais mórbidos sem que o seu companheiro percebesse que algo de errado se passava e o inundasse com perguntas de preocupação, irritantes perguntas, que não o deixavam caminhar pelo seu mundo em paz.
“Não. Não mais.” Disse para si. O cansaço que se apoderava dele, o cansaço que deteriorou toda a felicidade que outrora sentira, perdida não sabe bem em que parte do tempo, consumia-o. Consumiu-o completamente. Não era um cansaço físico, ainda era novo, mas um cansaço psicológico, não, de espírito. Era algo no seu ser que não o permitia mais viver entre o seu companheiro, os seus pais, irmãos e amigos, algo que o amarrava ao seu mundo, que costumava visitar de vez em quando.
Foi, absurdamente, este seu devaneio periódico que o manteve são ao longo dos anos, mas que agora ameaçava consumi-lo. Não suportava mais aquelas perguntas incomodativas do seu companheiro, que nenhuma felicidade via nos seus olhos há tanto tempo.
“É tempo. Perdoem-me.”
O sentimento que aquela preocupação, aquelas perguntas lhe transmitiam, ser-se desejado, amado, querido por alguém, deixaram de ser suficientes. A sua família. Os seus amigos. As possibilidades da vida, desta vida. Nada mais era suficiente.
Levantou-se da sua cama. Olhou-se uma última vez ao espelho: aquele novo pijama azul de flanela era um contraste ridículo com o seu estado de espírito, como que de uma ironia se tratasse. Os seus olhos cinzentos estavam secos, sem lágrima alguma derramada ou prestes a sê-lo, mas o seu ser chorava pelos que deixava para trás.
“Não compreenderão. Não têm como fazê-lo. Mas é tempo.”

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Killing thoughts

Aquele turbilhão de pensamentos não parava de a incomodar. Todos os dias um novo cenário se formava na sua mente, a sua imaginação cada vez voava mais alto, em jeito de compensação do que sentia faltar na realidade. De cada vez que estavam juntos, ela não conseguia deixar de pensar nos possíveis sinais que ele lhe transmitia. Mas, nada acontecia. Tudo permanecia igual. O que era aquilo? O que queria ele?
Os sinais, pensava, estavam lá. Mas, alguns actos e palavras faziam cair por terra toda aquela ideia, aquela fantasia, que ela havia construído em redor dos dois. Não tardavam a ser esquecidos. Algo sempre puxava pela sua imaginação, pelo seu lado optimista, tão difícil de encontrar em si.
Apenas as visualizações que tinha na sua mente dos dois juntos, das suas conversas mais íntimas, dos seus gestos mais carinhosos, faziam odiar-se a si própria, perguntando-se pela razão do seu subconsciente a assombrar constantemente com tais pensamentos.
– Há algo que não compreendo. – disse-lhe, finalmente, um dia.
– O que é? – respondeu ele, na sua voz forte mas, no entanto, doce aos ouvidos dela.
– O que somos?
– Não estou a perceber onde queres chegar…
– Nós. Estes encontros, estas conversas… – a sua voz tremeu – estes sinais que, por vezes, penso ver.
– Somos o que sempre fomos, não? – perguntou, hesitante.
– E, o que é isso? – a impaciência parecia começar a percorrê-la.
– Bem… precisamos mesmo de pôr um rótulo? Quer dizer, qual a necessidade de dar um nome a isto?
– O futuro. É essa a necessidade. – respondeu-lhe, agora, firmemente.
– Tens queixas do presente? Relativamente a nós?
– Gostava de ter certezas. Apenas isso… – a sua voz esmoreceu no fim.
Ele havia notado isso, pelo que lhe respondeu – Não sei como nos rotular. Gosto destes momentos, das nossas conversas. Eu mesmo me pergunto, às vezes, no que poderá ou não dar, se poderá haver algo mais para além disto. Mas, prefiro não saber. Prefiro descobrir com o tempo, sem aviso prévio.
Ela não sabia o que retorquir. Era exactamente o contrário de si. Ela ansiava saber, preferia a verdade crua à ilusão. Assim, poderia prevenir-se. Mas, ele não.
Então, reparou noutra coisa: ele não tinha respondido negativamente. Não lhe tinha dado qualquer certeza, mas também não tinha roubado toda a esperança. Esperança… uma sensação de calma percorreu todo o seu corpo e alma, e um sorriso esboçou-se no seu íntimo.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Ecstasy

Lembras-te? Lembras-te da última vez em que sentiste o êxtase de alegria? Lembras-te de quando foram os teus últimos momentos de pura felicidade? De quando não tinhas qualquer preocupação ou, porque a felicidade era tão exuberante, as tuas preocupações pareciam insignificantes?
Quando foi que a deixaste escapar? Quem ta roubou? O que ta roubou? E, quando é que abriste os olhos e viste que a tinhas esquecido no passado?
Agora, que olhas para trás e revives pelas tuas memórias tantos daqueles momentos, sentes-te um pouco idiota por outrora pensar que aquilo não era felicidade, aquilo não era o melhor que poderias ter. E se, por mero e mísero acaso, foi? Porque, o que sentes agora é que, a vida te consome, todos os dias um bocadinho mais, e em moeda alguma te paga. Todos os dias rouba-te um pouco mais do que já não sentes ter.
O ideal de felicidade que esperavas que chegasse um dia é, provavelmente, passado. Mas, por tão focado que te manténs no futuro, deixaste-o escapar sem saborear, como quem come a correr e mal mastiga, privando-se quase do verdadeiro sabor da comida que é, afinal, o autêntico prazer.
Resta-te, então, a vida. Oferecer, dia-a-dia, mais de ti. Cansar-te. Gastar-te. Viver para morrer. Isto quando te esqueces de andar e saborear em vez de correr. E, só depois de o momento passar é que a epifania se dá. Tarde demais, sempre.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Nothing here for me



Nada mais me prende aqui.
Preciso de partir, de conhecer novos lugares, novas pessoas e novas ideias.
Mas, e depois? Qual o intuito de partir se, uma vez chegado ao novo lugar, tudo se tornará familiar? Devo tornar a minha vida numa constante de partidas até conhecer um local que me agrade o suficiente? Mas, o problema não são as pessoas? Os seus preconceitos, os repetidos julgamentos? Não são elas que tornam o local inabitável, que nos compelem a partir? Não serão as desilusões, discussões e zangas que nos levam ao limite da exaustação, da paciência?
Se assim for, o problema está em todo o lado. Para onde quer que vá, terei de lidar com alguém que me impelirá a querer partir. A resposta é, então, virar as costas? Confesso que, com o decorrer do tempo, se vai tornando a minha (única) solução. Porque, sinceramente, o cansaço começa a pesar e a roubar-me toda a vontade de enfrentar qualquer problema que tenha de enfrentar aqui.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

No lights in the city.

A cidade sufoca-me. O ar torna-se mais irrespirável do que é habitual.
Os dias repetem-se, as semanas são sempre iguais. As noites são frias e chuvosas, o ar sempre poluído. A rotina asfixia todo o meu ser. Os mesmos locais, as mesmas pessoas, as mesmas palavras e acções aborrecem-me.
O estado de fadiga é tal que força nenhuma resta para partir. Resigno-me ao enclausuramento do meu quarto. E, por vezes, é o que me basta, o silêncio daquele espaço vazio, porque nem uma doce palavra possui a capacidade de me consolar.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Emptiness


Já lutei, já chorei, já sorri por ti. Tudo a teu lado, a maior parte do tempo. Sabia que, quando afastado de ti, pouco teria de esperar para te ter de novo nos meus braços. Isso reconfortava-me em todos os momentos solitários.
Agora o tempo passa e os meus braços permanecem vazios, sós. Ninguém os preenche. Nada o consegue.
O meu consciente berra-me este vazio aos ouvidos. Perturba-me.
No entanto, já me é algo tão natural, quase indiferente. Caminhamos lado a lado a tempo inteiro que me esqueço, por vezes, que lá (não) está.
O que mais incomoda é o impasse, o não saber ou, quiçá pior, o saber que algo pode ser feito, mas que não resta energia suficiente para reagir. Isto corrói, destrói, mata.
Perco-me no tempo a pensar, a torturar-me mais um pouco com possíveis, mas apenas imaginárias, situações futuras. Uma das minhas características mais distorcidas, um auto-martírio infligido por pensamentos absurdos sobre acontecimentos improváveis.
As palavras esgotam-se, as opções aparentam ser todas nefastas. Pouco consigo dizer, ou escrever, e quase nada fazer.
Morro por dentro a cada dia, e já nenhuma importância lhe dou. O cansaço leva-me a ficar sentado, à espera. De quê? De nada, talvez. Nem sempre esperar é alcançar.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Dialogue

– Pára de esconder.
– O quê?
– O que tens vindo a esconder.
– Não estou a esconder nada!
Os seus olhos estavam muito sérios. Mas depressa se adoçaram com o olhar perplexo da rapariga.
– Estás a fazer aquilo de novo…
– O quê? – perguntou ele, soltando uma leve gargalhada.
– A fazer esse olhar…e esse sorriso.
– Sabes o efeito que sempre causaste em mim.
– Sei. Sempre soube.
– Mas continuas a esconder…
– O quê?!
– O que sentes. O que sempre sentiste.
– Arrependo-me todos os dias…deverias saber.
– Não tive outra opção a não ser seguir em frente…
A cara dela ia se tornando cada vez mais triste. Com as lágrimas já nos olhos, suspirou – Eu nunca te larguei. Nunca te deixei partir de verdade.
Ele manteve-se calado. O seu sorriso foi se apagando com as palavras da rapariga e os seus olhos tornaram-se amargurados.
Ela insistiu uma última vez – É demasiado tarde, não é? – uma lágrima derramou pela sua face.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Loser game


Os trunfos terminaram.
Andava, novamente, viciado naquele jogo infernal há meses e só tinha obtido um resultado, a derrota. A primeira era, claro, inevitável. Já sabia o que esperar quando entrara no jogo, apesar de haver um pouco de esperança de que a sorte sorrisse. Completa e absurdamente errado.
O simples pensamento de voltar a outro jogo era insuportável. Mas as regras parecem ter mudado inesperadamente. O jogo ficou de alguma forma apelativo, e, apesar de estupidamente iludido, estaria a jogar mais depressa do que esperara. Mas o maior erro de todos foi cometido, erro esse que já deveria ser bem mais do que tido em conta pelas tão repetidas derrotas com base nele, a plena e cega confiança no fado. O trunfo que pensara ter perdeu-se no caminho. O jogo estava perdido.
Agora nada resta para jogar, além da fé de que as regras mudem o suficiente para apelar a nova aposta. Ou que a vontade algum dia renasça.

domingo, 11 de setembro de 2011

Secrets

Segredos. Todos nós os temos. E cada um é guardado com todo o cuidado, seja pelo medo das consequências caso este corra pelas bocas do mundo, ou pela vergonha e embaraço que ele nos possa trazer se os nossos amigos o descobrirem, ou pelo descontrolo que os rumores tendem a tomar, pois todos sabemos que o ditado “quem conta um conto acrescenta um ponto” tem algum fundamento. Seja qual for a razão, mantemos certas coisas apenas para nós, pois, por vezes, o simples pensamento do segredo se tornar público, e passar de segredo a conhecimento comum, nos assusta terrivelmente porque, por inúmeras situações que ocorram na nossa mente, é sempre a reacção mais inesperada que temos de confrontar na realidade.
E quem é que não tende a pensar que o inesperado é usualmente algo negativo?
Por este motivo guardamo-los para nós, tentando proteger-nos e pensando que algumas verdades inconvenientes devem ser guardadas e substituídas por mentiras um pouco mais convenientes, forçando-nos a acreditar que é o melhor para todos os envolvidos.
Talvez este pensamento seja apenas mais uma mentira, que contamos a nós próprios para podermos aliviar o fardo de carregar aquele segredo. Mas todos conhecemos o outro ditado, certo? “A verdade vem sempre ao de cima”? Quiçá o segredo se mantenha sempre assim, segredo, se não o confiarmos a alguém. Mas alguns são demasiado penosos para os carregarmos sozinhos e, é então que, entra mais alguém, um confidente, um amigo que nos ouve e aconselha. O problema é que este passa a ter um segredo que, contudo, nos pertence, mas que lhe largámos nas mãos, por vezes quase como uma bomba. Aqui começa a grande prova, a da confiança. E quando o outro falha em concretizar a prova com sucesso, e deixa a bomba explodir, vemos o nosso segredo voar rapidamente pelo povo.
É então que as consequências que tentámos evitar ao guardar o tal segredo nos caiem em cima. E com uma força tremendamente duplicada. O pequenino inconveniente dos segredos é que, quando descobertos, raramente o são pela pessoa mais indicada, causando estragos bem maiores do que os esperados.
Esforçamo-nos tanto para manter a realidade inconveniente fora da vista dos que nos rodeiam com que objectivo? Não serão os mais chegados, os que confiam em nós, dignos de saber toda a verdade sobre quem somos? Afinal, de que serve deixá-los acreditar em algo que não é verdade só para gostarem do que não é mais que uma ilusão? O objectivo não é gostarem pelo que somos?
Os segredos, quando guardados pelas razões menos certas, e escondidos das pessoas que mais direito teriam a sabê-los, tendem a estragar ligações quando descobertos.
A grande questão com os segredos reside aqui: há verdades capazes de despedaçar mais do que uma ligação entre pessoas, verdades demasiado horríveis para serem partilhadas de livre ânimo. A dúvida então coloca-se, somos suficientemente aptos para decidir o que deve ou não ser contado? Razoáveis ao ponto de escolher se a verdade deve ou não manter-se escondida, tendo noção de quão gravemente qualquer das decisões pode afectar os envolvidos?

quarta-feira, 22 de junho de 2011

quarta-feira, 25 de maio de 2011

16.05.11

Desculpa o ímpeto, não resisti. nos queria ver bem, felizes.
Confesso, mais uma vez, não me arrepender das escolhas que fiz, foram elas que me trouxeram até aqui.
Espero-te, ansiosamente, todos os dias.
Até amanhã.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Us, again.

Cansei de esperar por sinais, pela evaporação das dúvidas que me atormentavam. Cansei da luta diária que tinha comigo quando queria enviar uma simples mensagem com um adoro-te, mas o medo me impedia.
O receio de perder isto em breve deixou-me incapaz de responder com um sim, as tuas dúvidas tinham-se tornado as minhas e, é facto, apenas a ideia de depositar a minha confiança em ti assustava-me.

Não suporto meio termos. Sou boba, mas não sou burra. Ingênua, mas não santa. Sou pessoa de riso fácil…e choro também.
Acho que finalmente chegou o dia em que se fez luz. Depois de toda aquela indiferença e frieza, revejo tudo e confesso que fui duro, talvez demasiado, percebi que não aguentava mais aquele sofrimento que era ver-te infeliz, isso sempre me matou por dentro. Matava-me ainda mais porque eu também me sentia infeliz e miserável sem ti. Estava, resumidamente, a desperdiçar uma oportunidade para deixar duas pessoas bem. Erro que acredito já ter cometido no passado e não gostaria de repetir, apesar de todos os receios e as possibilidades infelizes que poderiam/poderão suceder.
O meu pedido deixou bem claro o que quero. E não vou esperar mais uma vez, vou lutar por manter o que temos enquanto for capaz.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Missing u(s)

Sinto saudades. Saudades completamente irracionais de coisas sem importância. As discussões, amuos, provocações, as parvoíces, os abraços, as lágrimas, as piadas, os sorrisos. Coisas sem qualquer importância. Coisas nossas.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Bitter-sweet

Sabes o que não é justo? Entrares e saíres da minha vida como se nada fosse. Nunca te pedi nada, muito menos palavras e gestos doces, cativantes, afectuosos. Destabilizaste tudo. Viraste tudo avesso, viraste as costas e deixaste-me afundar. Roubaste-me todas as palavras, roubaste-me tempo, sentimentos e emoções. Deste-me uma rotina, fizeste-me querer, desejar, fizeste-me pensar que também precisava daquilo. Deste-me dúvidas, ansiedade, desespero, trouxeste o medo de volta. Envenenaste tudo. E, mais uma vez, tenho de me recompor, recuperar o equilíbrio que tinha antes de invadires a minha vida. Tenho de fingir que não me importo, que me é indiferente, que sou superior, que ultrapassei tudo num abrir e fechar de olhos. Vou ter de sorrir, mostrar-me contente, falar alegremente, usar de novo esta máscara.
Mas agradeço-te. Por breves momentos pude apreciar um leve cheirinho do que é sentir.


sexta-feira, 4 de março de 2011

Twisty game


Quero-te.
É, sinceramente, a única realidade que não questiono. Tudo o resto interrogo. Já não há nada que a dúvida não tenha contaminado, a segurança abandona-me a partir do momento em que entras porta dentro. Sempre que o fazes carregas toneladas de perguntas, um oceano de desconfiança, de ciúmes, de histórias por contar, de nomes para memorizar. Não te podias limitar ao orgasmo de felicidade com que me brindas cada vez que te ouço, te vejo, te cheiro, te dou a mão, te beijo? Não podes resignar-te e deixar fora todas as bagagens que só me envenenam o pensamento?
És tão estupidamente reconfortante, mas num segundo consegues mergulhar-me na água gelada que me corta a respiração, deixar-me todo estilhaçado por dentro. Que ambiguidade é essa? Porquê tamanha bipolaridade? Este perverso jogo dá-te assim tanto prazer?
Mas quero-te. Inquestionavelmente, Quero-te. Talvez eu, mero e natural humano, também tenha gozo com este encarnado jogo.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Life's History

Partilha (-te).
(Des) Aprende.
Constrói (-te).
Sorri.
Chora.
Fala.
Grita.
Desabafa.
Sonha.
Luta.
Sofre.
(Des) Espera.
D/R esiste.

Escreve a história da tua vida.
Escreve-a comigo.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

TU.

Cansei de raciocinar. Cansei de segurar as barreiras e ir criando umas a seguir às outras sempre que alguém novo entra na minha vida. Quero sentir outra vez. Sentir que não há mais ninguém para além daquele alguém, fazer girar o meu mundo à sua volta, não pensar em mais nada a não ser estar com esse alguém e fazer tudo para que tal aconteça. Sorrir só porque está a meu lado, e porque sei que está comigo e é comigo que quer estar. Não quero mais acreditar que todos os que passam por mim apenas o fazem para me despedaçar mais um pouco do coração, mas acreditar e voltar a ter fé que há alguém menos errado, menos imperfeito, e capaz de voltar a pôr os meus sentimentos em modo on, estes que têm estado demasiado tempo adormecidos.
Quero as lamechices, os abraços e beijos, os sorrisos, as gargalhadas, as lágrimas, a ansiedade, o nervosismo, a explosão de felicidade, o aperto no coração, a esperança, os pequenos e grandes momentos marcantes para toda a vida. Quero o turbilhão de sentimentos tão característico do amor.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Route Unknown

«Há aqueles momentos que guardas na memória e que te obrigam a dizer “Vale a pena”»Há aqueles momentos vividos tão inesperadamente que, quando dás conta que são de facto reais, nem consegues esclarecer-te racionalmente como eles chegaram, até que percebes que não há razão. Chama-lhe destino, coincidência, o que quiseres, a verdade é que algo te trouxe até àquela situação, àquele momento único, esse que virou a tua vida do avesso sem se quer dares por isso. Talvez por não saberes naquele instante o quanto iria afectar-te é que se torna uma memória tão marcante. Inesperada, vivida sem pensar no depois, mas no agora, acaba por tornar-se um marco na tua vida.
No entanto dá-te vontade de perguntar como aconteceu? Ou melhor, como é que deixei que acontecesse? Talvez já soubesses, sem o saber, que estavas pronto para tomar outro risco. Não é daí que nascem grandes empresas, grandes negócios, grandes relações, grandes e épicos amores? Sim, tudo na vida é feito de riscos. A questão é que estes carregam mais riscos, mais dúvidas, e mais perguntas quando olhas para o futuro. Valerá a pena o que tens em função do que poderás perder? O tempo que levas a tê-lo em função do tempo que tomas a perdê-lo? Eu respondo por ti: vale muito mais que a pena, vale ouro. Mesmo que o risco te leve ao fracasso e desilusão é mais uma bagagem que levas contigo, mais umas lições que te ajudarão da próxima vez que arriscares. Ficar de braços cruzados, evitando todos os riscos é que é o maior erro que podemos cometer, pois ficaremos sem saber onde nos poderia ter levado aquele caminho. Perdemo-nos? Então continuamos até encontrar outro caminho porque, acredita, ele existe, só tens de tomar mais atenção à estrada.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Heal it


If it's a broken part, replace it 
If it's a broken arm then brace it 
If it's a broken heart then face it

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

EU.

Quero sorrir sozinho. Ser independente dos gestos dos outros, conquistar a felicidade apenas estando bem comigo, sem precisar das palavras reconfortantes de alguém, ou daqueles elogios que, por vezes, são ditos só para nos fazer sentir melhor.
Preciso, mais do que nunca, do meu espaço, do meu tempo, da minha solidão. Preciso não ter de me preocupar com o outro, focar-me apenas em mim. Quero tanto ser egoísta, e encontrar a calma e paz sem buscar a ajuda dos outros. Há muito tempo que não sentia esta necessidade, e há algum que não tinha também oportunidade, ou assim parecia.
Antes de mais tenho de me concertar, e, só depois de estar tudo no lugar certo, posso rearranjar a minha vida e tudo o que dela faz parte.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Quatro letras, uma palavra.

O campo do amor é demasiado atribulado. Ora estás bem, ora estás péssimo. Num dia acordas com um enorme sorriso na cara, ao fim deste derramas litros de lágrimas. Apaixonas-te em segundos, demoras um período infinito de tempo para recuperar o coração estilhaçado. Sentes-te desafortunado sozinho, sentes-te mal com alguém.
Mas não é tão certo assim, pois não? Há aqueles momentos que guardas na memória e que te obrigam a dizer “Vale a pena”, aqueles pequenos momentos, que parecem durar uma eternidade quando (re)pensas neles, preenchidos com uma alegria tão grande, tão indescritível, tão impensável. Eu penso neles, mas penso também nos outros, os menos agradáveis, os rudes e destruidores, aqueles que te devoram por dentro cada vez que o teu pensamento recai neles. Porquê cair na tentação do amor se este está tão cruelmente envenenado? Por mais bonito que seja o seu início, acaba por te corroer até chegar ao ponto de não sobrar mais nada e caíres por terra sem nada a não ser aquele vazio, aquela falta de algo, de alguém.
No entanto, apesar de toda esta imensa face negra do amor, nós caímos (quase literalmente) de amores por aquela pessoa que nos sabe colocar, não só um sorriso na cara, como a felicidade na alma. Depois de teres sentido na pele, uma e outra vez, o que é estar sozinho, e até por vezes dares graças aos deuses por assim ser, (re)aprendes a estar com alguém. É aí. É literalmente que percebes que nunca é igual. Começas então a descobrir um novo amor, compreendes que não há apenas um, e que cada um te ensina mil e uma coisas diferentes e novas, essas que irás carregar contigo para o próximo, e para o outro, até chegar o momento em que estás preparado para atracar de vez e dar um laço inquebrável. É, finalmente, aqui que tu aprendes o verdadeiro significado da palavra amor. Mas, até lá, lamento informar que, provavelmente, ainda vais ter de viver uma vida inteira.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Preciso de...

Uma caixa. Era tudo o que precisava agora. Apenas teria de ser uma na qual conseguisse pôr todos os meus sentimentos dentro, para depois fechá-la a sete chaves, pôr num cantinho do meu quarto e a esquecer durante uns tempos.
Uma simples caixa capaz de suportar estas irracionais emoções que perturbam a minha racionalização.
É assim tão difícil? É uma caixa…

domingo, 9 de janeiro de 2011

P.S.

                Acho que nunca um filme tinha mexido tanto comigo, mesmo depois de o ter visto já várias vezes, toda a história, o enredo do início ao fim, mantém-me colado ao ecrã e, quando a rapariga do bar diz aquelas palavrinhas no fim, a vontade de revê-lo uma e outra vez continua cá.
                É uma verdadeira lição de vida, seja por perder alguém que nos é querido ou simplesmente porque esse alguém nos vira as costas e nos deixa sozinhos, de novo. E quando isso acontece não há outra opção a não ser seguir em frente, agarrarmo-nos ao que ainda temos e lutar por sobreviver, por mantermo-nos à superfície, mesmo que nos pareça impossível, não é, só temos que nos prender a algo, encontrar um motivo que faça valer a pena, porque ele está lá, só temos de procurar melhor.
                Uma das mensagens que este filme me deixa é que por mais perdidos, sozinhos e completamente sem rumo que nos possamos sentir somos capazes de conseguir encontrar o caminho de volta à estabilidade, aos sorrisos e gargalhadas. Pode ser um longo caminho, e muito penoso, mas o final dele reserva-nos a melhor compensação de todas: a felicidade.


P.S. Guess what…

sábado, 8 de janeiro de 2011

Growing up


“(…) how you hurt me and you don't see it
Again I am the child

(…)
And it's not pretty the way you criticize me
And how it breaks my heart
(…)

How I wish you knew, how much I need you
I feel like running but I can't abandon you
You avoid my gaze, withdraw from me these days
You punish me for trying to be all that you wanted
What more can I do?


And though you tell me that you love me
I can't feel it and I'm afraid to let you down 
(…)”
As decepções são importantes na nossa vida, são elas que nos fazem crescer.

Rituais e coisas

Rituais. Todos os temos, uns mais que outros. Alguns muito fiéis aos seus, outros nem tanto. Eu não dispenso os meus rituais. Por mais pequenos, insignificantes e parvos que sejam não deixo de os cumprir. Já nem é porque quero, mas faz parte do meu ser, já está gravado. Seja quando estou a sair de casa e volto ao meu quarto para verificar não sei quantas vezes se tenho tudo, seja pelo simples facto de que gosto de guardar certos objectos aparentemente sem importância. Bilhetes de cinema, comboio, até de autocarro. Guardo-os porque fizeram parte de algum momento da minha vida que gosto de recordar.
Adoro a fracção de segundo em que reencontro esses objectos guardados na minha desarrumação e me vem de imediato ao pensamento a memória daquele passado. Tenho outros, como pulseiras, que não me deixam esquecer que tenho alguém sempre que precisar de ajuda, e com as quais já vivi tantos e bons momentos. Uma delas em particular, não só representa a amizade que permanece e cresce todos os dias, como representa o único motivo que me faz querer recordar o Verão que passou.
Não tenho rituais delimitados, se me perguntassem quais possuo não me lembraria nem de metade, pois nasceram quase ao mesmo tempo que eu, são-me demasiado familiares. São tradições que eu próprio criei só para mim e das quais não faria sentido abrir mão.

domingo, 2 de janeiro de 2011

(Des)Conforto


Acabou mais um. Mais um ano repleto de sorrisos e lágrimas, amores e desamores, ilusões e desilusões, conquistas e perdas, preenchido de momentos únicos e irrecuperáveis, 365 dias que agora não passam de memórias. Mas sem demora chega outro, completamente novo e à espera de ser recheado com novos momentos, novos locais, novas pessoas, novas amizades e amores, e mais umas quantas desilusões.
Acredito que é comum esperar algo melhor, menos tristezas e mais alegrias. Eu espero isso mesmo. Mas de que me vale a esperança? Não me traz nada, a não ser um pouco de conforto. Expectativas? Não as tenho, o sofrimento depois da desilusão é bem maior. Tenho consciência que depende apenas de mim e da minha vontade. Mas a verdade é que falho sempre na vontade. Deveria aproveitar esta transição para traçar novos objectivos, reforçar a minha força de vontade, lutar pelo que quero. E, para além do que eu já tenho, o que quero eu? Manter o que tenho de bom, expulsar todo a negatividade da minha vida. É claro que não quero viver um “felizes para sempre”, não quero uma vida facilitada. Afinal, que piada teria uma vida sem lutas? É na conquista, no fim da batalha, que experimentamos uma das melhores emoções, a sensação de que todo o esforço feito valeu a pena. Mas, para isso, é preciso que haja vontade para enfrentar o que quer que seja que atravesse o nosso caminho e nos tente derrubar.
Confesso continuar sem objectivos concretos traçados. Isso talvez me impeça de lutar, porque não tenho objectivamente nada por que lutar, mas essa é uma aparente defesa contra as decepções. Sinto-me um bocado perdido, ainda sem me conhecer totalmente, sem totais certezas. Continuo à espera do momento em que as dúvidas irão desaparecer, em que vou ter certezas sobre o que quero e sobre o que é melhor para mim. Mas quem é que eu quero enganar? As dúvidas é que serão sempre certas, nunca irei saber exactamente qual é o melhor caminho para mim porque todos são incertos. E neste campo estamos todos no mesmo barco, mesmo estando sozinhos, pois ninguém vai lutar no teu lugar, ninguém vai traçar os teus objectivos ou delinear o teu caminho.
Tenho plena noção que é crucial abrir os olhos, deixar a estúpida ideia de que se deixar andar tudo vai correr bem e que o destino eventualmente levar-me-á onde é suposto. Habituei-me à minha zona de conforto, deixando-me levar pela corrente. Mas isto não é viver a vida, é desperdiçá-la. As oportunidades vão morrendo, portanto este talvez seja um bom momento para abandonar o conforto e arriscar.