segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Killing thoughts

Aquele turbilhão de pensamentos não parava de a incomodar. Todos os dias um novo cenário se formava na sua mente, a sua imaginação cada vez voava mais alto, em jeito de compensação do que sentia faltar na realidade. De cada vez que estavam juntos, ela não conseguia deixar de pensar nos possíveis sinais que ele lhe transmitia. Mas, nada acontecia. Tudo permanecia igual. O que era aquilo? O que queria ele?
Os sinais, pensava, estavam lá. Mas, alguns actos e palavras faziam cair por terra toda aquela ideia, aquela fantasia, que ela havia construído em redor dos dois. Não tardavam a ser esquecidos. Algo sempre puxava pela sua imaginação, pelo seu lado optimista, tão difícil de encontrar em si.
Apenas as visualizações que tinha na sua mente dos dois juntos, das suas conversas mais íntimas, dos seus gestos mais carinhosos, faziam odiar-se a si própria, perguntando-se pela razão do seu subconsciente a assombrar constantemente com tais pensamentos.
– Há algo que não compreendo. – disse-lhe, finalmente, um dia.
– O que é? – respondeu ele, na sua voz forte mas, no entanto, doce aos ouvidos dela.
– O que somos?
– Não estou a perceber onde queres chegar…
– Nós. Estes encontros, estas conversas… – a sua voz tremeu – estes sinais que, por vezes, penso ver.
– Somos o que sempre fomos, não? – perguntou, hesitante.
– E, o que é isso? – a impaciência parecia começar a percorrê-la.
– Bem… precisamos mesmo de pôr um rótulo? Quer dizer, qual a necessidade de dar um nome a isto?
– O futuro. É essa a necessidade. – respondeu-lhe, agora, firmemente.
– Tens queixas do presente? Relativamente a nós?
– Gostava de ter certezas. Apenas isso… – a sua voz esmoreceu no fim.
Ele havia notado isso, pelo que lhe respondeu – Não sei como nos rotular. Gosto destes momentos, das nossas conversas. Eu mesmo me pergunto, às vezes, no que poderá ou não dar, se poderá haver algo mais para além disto. Mas, prefiro não saber. Prefiro descobrir com o tempo, sem aviso prévio.
Ela não sabia o que retorquir. Era exactamente o contrário de si. Ela ansiava saber, preferia a verdade crua à ilusão. Assim, poderia prevenir-se. Mas, ele não.
Então, reparou noutra coisa: ele não tinha respondido negativamente. Não lhe tinha dado qualquer certeza, mas também não tinha roubado toda a esperança. Esperança… uma sensação de calma percorreu todo o seu corpo e alma, e um sorriso esboçou-se no seu íntimo.

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