quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Meio termo

Citando-me: For more than a year now I thought I could be this heartless son of a bitch. Turns out we can't change who we are. And neither can we change what the heart wants. 
Passei mais de um ano a tentar desligar-me de sentimentos e relações. Não só porque estava exausto mentalmente, mas também porque precisava de umas férias só para mim, de uma pausa e de um tempo sozinho. Forcei-me a essa pausa. A ter uns tempos de calma, sem stress e dramas. Bem precisava, depois de tudo. Não que houvesse algo que possa dizer que estivesse errado ou mal, mas tinha-me acomodado a ter alguém do outro lado, sempre pronto a apoiar-me em tudo. Decidi que estava na altura de ser o meu próprio apoio, de começar a sentir-me bem comigo mesmo primeiro, de pôr-me em primeiro lugar antes de outros. Fui bem sucedido. Desliguei-me de tal modo que só recentemente percebi algumas coisas que tinha guardado (demasiado tempo talvez) e esquecido. Pus-me em primeiro lugar e esqueci os outros. Arrependo-me por ter levado tanto tempo a sair do meu "mundo"? Não é que me arrependa, mas agora ficam sempre aqueles "se isto, se aquilo"... Aquelas dúvidas que surgem sempre que pensas como poderias ter feito algo diferente, tomado outro rumo. Mas não há retornos, portanto não vale de nada perder-me no que poderia ou não ser. Agora só posso concentrar-me no que poderá ser. Mas agora que, aparentemente, carreguei no botão on e voltei a mergulhar no mundo percebo que não há nada que possa fazer quanto às incertezas. Porque o problema não é tu não te conheceres. A dúvida está sempre nos outros. São (e eram) eles que me traziam as dúvidas e inseguranças e quanto a isso não há nada a fazer. Talvez resguardar-me mais e encontrar um equilíbrio entre "caring and not caring" seja uma opção. A merda é: eu sei como sou e como reajo às coisas e sei que assim que começo a importar-me é-me impossível parar de fazê-lo totalmente. Ou é ou não é. Comigo é sempre 8 ou 80. Durante o último ano isso foi bem perceptível para mim. Não encontro meio termo. Sou demasiado dado, talvez. Não que isso seja mau, mas para mim não é o melhor na maior parte das vezes. 

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Indiferente? Nem tanto.

Desgostos e desilusões. Acho que são estes que te trazem até aqui. É a necessidade de levantar aqueles muros, de proteger-te dos outros e do mundo que te leva a querer desligar as emoções, a fugir da dor e ao mesmo tempo do bom que vem antes, quando tudo ainda está bem. Negas-te de afetos, deixas-te levar pelo medo do que pode vir depois. Já passaste tantas vezes pelo mesmo que pensas que estás preparado para a próxima vez. Mas não é bem assim, pois não? No início não dás por nada, só quando já não consegues escapar-lhes é que percebes o que aconteceu, o que está a acontecer... outra vez. Começam as dúvidas, as incertezas. Provavelmente um dos motivos para acabares sempre com o mesmo final. E, ao pensar nisto, lutas para desligar-te dos outros, com a esperança que não volte a repetir-se. O problema é quando chegas ao ponto em que estás tão desligado, em que a frieza é tanta e és tão indiferente a tudo... Muita coisa perde sentido. Deixas de ter interesses, a tua vida passa a uma monotonia insuportável. É inevitável voltar ao ponto de partida. Por mais horrível que seja pensar que poderás (com quase toda a certeza, diz-te o teu cérebro) ter que passar por tudo outra vez, o melhor e o pior, vais chegar a um ponto em que não consegues manter-te desligado. Porque, por mais indiferente que tentes e mostres ser, não há um botão on e off. Podes dizer as vezes que quiseres "Wtv! Fuck it!", mas lá no fundo sabes que não é assim. E é isso que às vezes acaba por magoar e frustrar-te também, sentires um total descontrolo nas tuas emoções quando mais precisas de te manter no controlo. Torna-se sempre uma montanha russa. Uma montanha russa cheia de adrenalina e bastante apelativa cada vez que dás por ti a entrar nela.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Desassossego

Dois anos. Faz este mês dois anos desde a última vez que escrevi algo. Alguém me lembrou deste meu hobby, passatempo que alguém me tinha incentivado a nunca deixar. Mas, parece ser a lei da vida, deixar cair as coisas em esquecimento. Parece também ser a lei da minha vida trazer-me sempre ao mesmo sítio. Escrevendo isto, sinto-me momentaneamente tranquilo sabendo que tudo passa, eventualmente tudo se esquece. E tudo o que sentes neste determinado momento, por mais doloroso que seja, é finito. Tudo tem um fim. O problema é o presente. Porque é no agora que estás a viver. Não são apenas memórias que te estão a magoar, a infligir este desassossego. São situações do agora, pelas quais estás a passar e a tentar ultrapassar que te preenchem mais uma vez o pensamento. Estás com os teus amigos, mas continuas preso no teu mundo. As tuas fracassadas tentativas para fugir à verdade, à realidade, são rapidamente deitadas abaixo por um simples acontecimento ou palavra. O teu eu está preso ali e não parece querer sair, por mais que tentes. "That's the thing about pain. It demands to be felt". Sim, não ultrapassas algo sem enfrentá-lo. O meu dilema está agora noutra questão: a razão deste sofrimento. Sei o que pode ser, parcialmente sei alguns dos seus motivos, são mais do que óbvios. Foram dois anos com alguns dos momentos mais marcantes da minha vida. Pensando em tudo o que a minha memória ainda me permite guardar e reviver, custa-me perceber que são os melhores e mais felizes momentos da minha vida que hoje deixam estas feridas abertas. Aguardo o dia em que não passem de mais umas cicatrizes.