domingo, 2 de janeiro de 2011

(Des)Conforto


Acabou mais um. Mais um ano repleto de sorrisos e lágrimas, amores e desamores, ilusões e desilusões, conquistas e perdas, preenchido de momentos únicos e irrecuperáveis, 365 dias que agora não passam de memórias. Mas sem demora chega outro, completamente novo e à espera de ser recheado com novos momentos, novos locais, novas pessoas, novas amizades e amores, e mais umas quantas desilusões.
Acredito que é comum esperar algo melhor, menos tristezas e mais alegrias. Eu espero isso mesmo. Mas de que me vale a esperança? Não me traz nada, a não ser um pouco de conforto. Expectativas? Não as tenho, o sofrimento depois da desilusão é bem maior. Tenho consciência que depende apenas de mim e da minha vontade. Mas a verdade é que falho sempre na vontade. Deveria aproveitar esta transição para traçar novos objectivos, reforçar a minha força de vontade, lutar pelo que quero. E, para além do que eu já tenho, o que quero eu? Manter o que tenho de bom, expulsar todo a negatividade da minha vida. É claro que não quero viver um “felizes para sempre”, não quero uma vida facilitada. Afinal, que piada teria uma vida sem lutas? É na conquista, no fim da batalha, que experimentamos uma das melhores emoções, a sensação de que todo o esforço feito valeu a pena. Mas, para isso, é preciso que haja vontade para enfrentar o que quer que seja que atravesse o nosso caminho e nos tente derrubar.
Confesso continuar sem objectivos concretos traçados. Isso talvez me impeça de lutar, porque não tenho objectivamente nada por que lutar, mas essa é uma aparente defesa contra as decepções. Sinto-me um bocado perdido, ainda sem me conhecer totalmente, sem totais certezas. Continuo à espera do momento em que as dúvidas irão desaparecer, em que vou ter certezas sobre o que quero e sobre o que é melhor para mim. Mas quem é que eu quero enganar? As dúvidas é que serão sempre certas, nunca irei saber exactamente qual é o melhor caminho para mim porque todos são incertos. E neste campo estamos todos no mesmo barco, mesmo estando sozinhos, pois ninguém vai lutar no teu lugar, ninguém vai traçar os teus objectivos ou delinear o teu caminho.
Tenho plena noção que é crucial abrir os olhos, deixar a estúpida ideia de que se deixar andar tudo vai correr bem e que o destino eventualmente levar-me-á onde é suposto. Habituei-me à minha zona de conforto, deixando-me levar pela corrente. Mas isto não é viver a vida, é desperdiçá-la. As oportunidades vão morrendo, portanto este talvez seja um bom momento para abandonar o conforto e arriscar.

5 comentários:

  1. Bé...

    Tmb ando perdida e sem vontade, e acabo por me arrepender de não ter me esforçado mais...
    Não me encontrei, nem encontrei o que queria... e ainda não dou valor a mim mesma nem acredito em mim. Sonho por encontrar alguém que me indique o caminho ou que simplesmente me faça companhia nele, porque tudo o que faço, faço com medo...
    Mas th esperança, que este ano me traga felicidade, que as coisas melhorem, que eu ganhe forças, coragem, vontade. então, espero...espero que eu faça mudar as coisas, ou que as coisas simplesmente mudem... e espero, espero...

    JM

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  2. Discordo com duas coisas que dizes - e provavelmente também já as disse. Eu acho que viver é desperdiçar. Acho que vivemos um pouco sob o desejo de que temos de viver tudo a 100% e tirar partido de tudo. Não é assim. Há partes da vida (o maior bocado) que se vive dentro da nossa cabeça. E acho que o desafio tá em aprender a viver com isso. E tb discordo qd dizes que nao querias uma vida "feliz para sempre"... eu queria. Acho que toda a gente queria.

    É tudo por agora xD

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  3. Eu não vivo sob o desejo de que tenho de viver tudo a 100%, mas, tal como disse, mantenho-me demasiado na minha zona de conforto. Isso é que eu acho que não é viver a vida, portanto acredito que devia viver mais intensamente os momentos. E penso que se não viveres realmente o momento não tens como "vivê-lo" dentro da cabeça (isto partindo do príncipio que te referes às memórias).
    Quando mencionei o "felizes para sempre" estava mesmo a referir-me à vida facilitada, que está logo de seguida. Não acredito que alguém se sinta plenamente realizado na vida se não tiver que lutar e enfrentar obstáculos para atingir as suas metas.

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  4. Entendo-te perfeitamente... Também sou assim, também me deixo levar pela corrente :/
    Quanto às dúvidas... se não existissem, estaríamos a viver um "felizes para sempre", fácil, descomplicado, sem a adrenalina de hesitar e poder estar a escolher o caminho mais difícil. Tudo seria claro! E isso não também não teria piada ;)

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  5. Concordo Gustavo, sem as dúvidas também se perderia um pouco o gozo das vitórias.

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