Dois anos. Faz este mês dois anos desde a última vez que escrevi algo. Alguém me lembrou deste meu hobby, passatempo que alguém me tinha incentivado a nunca deixar. Mas, parece ser a lei da vida, deixar cair as coisas em esquecimento. Parece também ser a lei da minha vida trazer-me sempre ao mesmo sítio. Escrevendo isto, sinto-me momentaneamente tranquilo sabendo que tudo passa, eventualmente tudo se esquece. E tudo o que sentes neste determinado momento, por mais doloroso que seja, é finito. Tudo tem um fim. O problema é o presente. Porque é no agora que estás a viver. Não são apenas memórias que te estão a magoar, a infligir este desassossego. São situações do agora, pelas quais estás a passar e a tentar ultrapassar que te preenchem mais uma vez o pensamento. Estás com os teus amigos, mas continuas preso no teu mundo. As tuas fracassadas tentativas para fugir à verdade, à realidade, são rapidamente deitadas abaixo por um simples acontecimento ou palavra. O teu eu está preso ali e não parece querer sair, por mais que tentes. "That's the thing about pain. It demands to be felt". Sim, não ultrapassas algo sem enfrentá-lo. O meu dilema está agora noutra questão: a razão deste sofrimento. Sei o que pode ser, parcialmente sei alguns dos seus motivos, são mais do que óbvios. Foram dois anos com alguns dos momentos mais marcantes da minha vida. Pensando em tudo o que a minha memória ainda me permite guardar e reviver, custa-me perceber que são os melhores e mais felizes momentos da minha vida que hoje deixam estas feridas abertas. Aguardo o dia em que não passem de mais umas cicatrizes.
sexta-feira, 12 de setembro de 2014
quinta-feira, 6 de setembro de 2012
Meeting fate again
Dás por ti
na mesma situação tantas vezes seguidas que tens de começar a perguntar a ti
próprio se o problema não será teu, não é? Quer dizer, coincidências a mais?
Nem o destino pode ter assim um humor de tão mau gosto.
segunda-feira, 13 de agosto de 2012
Rambling
Já chegaste a um ponto na tua vida
onde, depois de tanta mentira e desilusão, não consegues confiar em ninguém,
nem mesmo em ti próprio? Quero dizer, com tanta bagagem que carregas, como é
suposto acreditar que alguém consegue ser melhor do que aquilo que tens
conhecido até então?
Privas-te de
sentimentos. Rezas para que o coração não te traia e te leve para o abismo
outra vez, o fall in love que acaba sempre em lágrimas. Porque
depois de tantas cicatrizes sabes que, eventualmente, no final dessa queda por amor vais acabar despenhado e destruído.
Mas conheces
alguém. Alguém que te faz sorrir, com quem gostas de estar, que parece diferente.
Começas a sentir a necessidade de estar com essa pessoa, de vê-la uma e outra
vez, de conversar horas e mais horas com ela. Cais e deixas-te cair.
“Porque não? Poderá
funcionar, poderá ser ela”,
pensas.
E funciona, sim.
Ela traz-te alegria! Todos os dias vais dormir com um sorriso, porque sabes que
tens alguém do outro lado e todos os dias tens um grande e incrível motivo para
te levantares.
O problema é que
precisas de mais e mais. Não por uma questão de egoísmo mas porque precisas de
provas em como ela é diferente, precisas de saber que podes confiar outra vez
em alguém, desta vez sem te magoar. Todos os dias. A necessidade de saber que
és tu e apenas tu que ela ama e com quem quer estar. Que és tu a sua
prioridade. E não acaba por ser essa a “função” de quem proclama o seu amor por
outra pessoa? Todos os dias mostrar que está lá, que és tu o seu número um.
Porque, se for para dar provas de amor de vez em quando, qualquer pessoa entra
na tua vida ou vice-versa e quando lhe der na cabeça “Aqui está uma prova
romântica!”. Isso é o que faço pela minha melhor amiga, pelos meus amigos: nem
sempre falamos, nem sempre fazemos coisas especiais ou sabemos tudo sobre a
vida de cada um, mas sabemos sempre que lá estão para ti e tu aqui para eles,
seja para o que for.
Sim, sou bastante
exigente. Demasiado, estupidamente exagerado. Mas quem me ama, ou aceita e
prova que quer aqui estar todos os dias, ou não tem outra opção senão seguir em
frente.
domingo, 8 de abril de 2012
How my mind works
Cansa. Sufoca. Corrói-me toda a pouca
paciência que tenho. Esta insuportável quantidade de merdas que me atormentam a
cabeça, em que me afundo sempre e quando não devo.
Pequenas e ultrapassadas memórias,
palavras insignificantes levam-me às criações mais bizarras e impossíveis. A minha
mente é uma autêntica máquina monstruosa capaz de criar as cenas mais imprevisíveis,
deprimentes e ilógicas que poderiam cruzar o pensamento de alguém.
Fá-lo constantemente, levando-me a um
nível de frustração extraordinário. O mais engraçado (não, nem lá perto) é que
quando me dou nessas situações não mexo
um dedo para impedir a minha mente de ir avante, pelo contrário, ainda a
alimento com mais doses de imaginação.
Scumbag
conscious and subconscious, é o apropriado a
dizer.
segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
Words of a dying
Não suportava mais. Não
iria permitir-se suportar mais. Tinha sido dominado, como temia, por aquele
cansaço de espírito, de alma.
Era ainda tão novo,
tão poucos anos vividos, no entanto sentia-se um velho, no limite do seu tempo.
Tinha feito tudo o que era suposto um jovem fazer: obedecer aos pais,
rebelar-se, redimir-se, apaixonar-se, magoar, sentir-se traído e abandonado,
procurar algo para preencher o vazio que existia em si, ir em busca do seu
sonho, desiludir-se, resignar-se à vida que tinha. Apesar do que ainda podia
viver e concretizar, sentia-se estranhamente satisfeito e realizado com a sua
pequena vida.
Poderia considerar
os seus pais como “normais”, vindos, não de famílias extravagantes, ricas e
poderosas, de famílias simples e nobres. A sua relação com os irmãos espelhava
o que qualquer uma, dita normal entre irmãos, deveria ser: as discussões, as
atribuições de culpa, o sentido de responsabilidade pelos mais novos, o orgulho
pelos mais velhos. O seu companheiro, o seu amor, depois de tantos efémeros,
era tudo o que poderia pedir: apaixonado, feito de pequenos gestos
insignificantes, pensava seu amor, mas que para ele de banais pouco ou nada tinham. Preocupava-se (demasiado, por
vezes) consigo, com o seu bem-estar. Conseguia reconhecer o mais leve
sentimento de infelicidade ou simples desanimo nos seus olhos cinzentos,
escuros. Isso perturbava-o: não podia perder-se nos seus pensamentos mais
mórbidos sem que o seu companheiro percebesse que algo de errado se passava e o
inundasse com perguntas de preocupação, irritantes perguntas, que não o
deixavam caminhar pelo seu mundo em
paz.
“Não. Não mais.”
Disse para si. O cansaço que se apoderava dele, o cansaço que deteriorou toda a
felicidade que outrora sentira, perdida não sabe bem em que parte do tempo,
consumia-o. Consumiu-o completamente.
Não era um cansaço físico, ainda era novo, mas um cansaço psicológico, não, de
espírito. Era algo no seu ser que não o permitia mais viver entre o seu
companheiro, os seus pais, irmãos e amigos, algo que o amarrava ao seu mundo, que costumava visitar de vez em
quando.
Foi, absurdamente,
este seu devaneio periódico que o manteve são ao longo dos anos, mas que agora
ameaçava consumi-lo. Não suportava mais aquelas perguntas incomodativas do seu
companheiro, que nenhuma felicidade via nos seus olhos há tanto tempo.
“É tempo. Perdoem-me.”
O sentimento que aquela
preocupação, aquelas perguntas lhe transmitiam, ser-se desejado, amado, querido
por alguém, deixaram de ser suficientes. A sua família. Os seus amigos. As
possibilidades da vida, desta vida. Nada
mais era suficiente.
Levantou-se da sua
cama. Olhou-se uma última vez ao espelho: aquele novo pijama azul de flanela
era um contraste ridículo com o seu estado de espírito, como que de uma ironia
se tratasse. Os seus olhos cinzentos estavam secos, sem lágrima alguma
derramada ou prestes a sê-lo, mas o seu ser chorava pelos que deixava para
trás.
“Não compreenderão. Não têm como fazê-lo. Mas é tempo.”
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
Killing thoughts
Aquele turbilhão de
pensamentos não parava de a incomodar. Todos os dias um novo cenário se formava
na sua mente, a sua imaginação cada vez voava mais alto, em jeito de compensação
do que sentia faltar na realidade. De cada vez que estavam juntos, ela não
conseguia deixar de pensar nos possíveis
sinais que ele lhe transmitia. Mas, nada acontecia. Tudo permanecia igual. O que
era aquilo? O que queria ele?
Os sinais, pensava,
estavam lá. Mas, alguns actos e palavras faziam cair por terra toda aquela
ideia, aquela fantasia, que ela havia construído em redor dos dois. Não tardavam
a ser esquecidos. Algo sempre puxava pela sua imaginação, pelo seu lado
optimista, tão difícil de encontrar em si.
Apenas as
visualizações que tinha na sua mente dos dois juntos, das suas conversas mais
íntimas, dos seus gestos mais carinhosos, faziam odiar-se a si própria,
perguntando-se pela razão do seu subconsciente a assombrar constantemente com
tais pensamentos.
– Há algo que não
compreendo. – disse-lhe, finalmente, um dia.
– O que é? –
respondeu ele, na sua voz forte mas, no entanto, doce aos ouvidos dela.
– O que somos?
– Não estou a
perceber onde queres chegar…
– Nós. Estes encontros,
estas conversas… – a sua voz tremeu – estes sinais que, por vezes, penso ver.
– Somos o que sempre
fomos, não? – perguntou, hesitante.
– E, o que é isso? – a impaciência parecia começar a
percorrê-la.
– Bem… precisamos
mesmo de pôr um rótulo? Quer dizer, qual a necessidade de dar um nome a isto?
– O futuro. É essa a necessidade. –
respondeu-lhe, agora, firmemente.
– Tens queixas do
presente? Relativamente a nós?
– Gostava de ter
certezas. Apenas isso… – a sua voz esmoreceu no fim.
Ele havia notado isso,
pelo que lhe respondeu – Não sei como nos rotular.
Gosto destes momentos, das nossas conversas. Eu mesmo me pergunto, às vezes, no
que poderá ou não dar, se poderá haver algo mais para além disto. Mas, prefiro
não saber. Prefiro descobrir com o tempo, sem aviso prévio.
Ela não sabia o que retorquir.
Era exactamente o contrário de si. Ela ansiava saber, preferia a verdade crua à
ilusão. Assim, poderia prevenir-se. Mas, ele não.
Então, reparou
noutra coisa: ele não tinha respondido negativamente. Não lhe tinha dado
qualquer certeza, mas também não tinha roubado toda a esperança. Esperança… uma
sensação de calma percorreu todo o seu corpo e alma, e um sorriso esboçou-se no
seu íntimo.
domingo, 4 de dezembro de 2011
Ecstasy
Lembras-te? Lembras-te
da última vez em que sentiste o êxtase de alegria? Lembras-te de quando foram
os teus últimos momentos de pura felicidade? De quando não tinhas qualquer
preocupação ou, porque a felicidade era tão exuberante, as tuas preocupações
pareciam insignificantes?
Quando foi que a
deixaste escapar? Quem ta roubou? O que ta roubou? E, quando é que abriste os
olhos e viste que a tinhas esquecido no passado?
Agora, que olhas
para trás e revives pelas tuas memórias tantos daqueles momentos, sentes-te um
pouco idiota por outrora pensar que aquilo
não era felicidade, aquilo não era o
melhor que poderias ter. E se, por mero e mísero acaso, foi? Porque, o que
sentes agora é que, a vida te consome, todos os dias um bocadinho mais, e em
moeda alguma te paga. Todos os dias rouba-te um pouco mais do que já não sentes
ter.
O ideal de
felicidade que esperavas que chegasse um dia é, provavelmente, passado. Mas,
por tão focado que te manténs no futuro, deixaste-o escapar sem saborear, como
quem come a correr e mal mastiga, privando-se quase do verdadeiro sabor da
comida que é, afinal, o autêntico prazer.
Resta-te, então, a
vida. Oferecer, dia-a-dia, mais de ti. Cansar-te. Gastar-te. Viver para
morrer. Isto quando te esqueces de andar e saborear em vez de correr. E, só
depois de o momento passar é que a epifania se dá. Tarde demais, sempre.
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