Os sinais, pensava,
estavam lá. Mas, alguns actos e palavras faziam cair por terra toda aquela
ideia, aquela fantasia, que ela havia construído em redor dos dois. Não tardavam
a ser esquecidos. Algo sempre puxava pela sua imaginação, pelo seu lado
optimista, tão difícil de encontrar em si.
Apenas as
visualizações que tinha na sua mente dos dois juntos, das suas conversas mais
íntimas, dos seus gestos mais carinhosos, faziam odiar-se a si própria,
perguntando-se pela razão do seu subconsciente a assombrar constantemente com
tais pensamentos.
– Há algo que não
compreendo. – disse-lhe, finalmente, um dia.
– O que é? –
respondeu ele, na sua voz forte mas, no entanto, doce aos ouvidos dela.
– O que somos?
– Não estou a
perceber onde queres chegar…
– Nós. Estes encontros,
estas conversas… – a sua voz tremeu – estes sinais que, por vezes, penso ver.
– Somos o que sempre
fomos, não? – perguntou, hesitante.
– E, o que é isso? – a impaciência parecia começar a
percorrê-la.
– Bem… precisamos
mesmo de pôr um rótulo? Quer dizer, qual a necessidade de dar um nome a isto?
– O futuro. É essa a necessidade. –
respondeu-lhe, agora, firmemente.
– Tens queixas do
presente? Relativamente a nós?
– Gostava de ter
certezas. Apenas isso… – a sua voz esmoreceu no fim.
Ele havia notado isso,
pelo que lhe respondeu – Não sei como nos rotular.
Gosto destes momentos, das nossas conversas. Eu mesmo me pergunto, às vezes, no
que poderá ou não dar, se poderá haver algo mais para além disto. Mas, prefiro
não saber. Prefiro descobrir com o tempo, sem aviso prévio.
Ela não sabia o que retorquir.
Era exactamente o contrário de si. Ela ansiava saber, preferia a verdade crua à
ilusão. Assim, poderia prevenir-se. Mas, ele não.
Então, reparou
noutra coisa: ele não tinha respondido negativamente. Não lhe tinha dado
qualquer certeza, mas também não tinha roubado toda a esperança. Esperança… uma
sensação de calma percorreu todo o seu corpo e alma, e um sorriso esboçou-se no
seu íntimo.
se soubesses como me identifico com isto :o
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