Já chegaste a um ponto na tua vida
onde, depois de tanta mentira e desilusão, não consegues confiar em ninguém,
nem mesmo em ti próprio? Quero dizer, com tanta bagagem que carregas, como é
suposto acreditar que alguém consegue ser melhor do que aquilo que tens
conhecido até então?
Privas-te de
sentimentos. Rezas para que o coração não te traia e te leve para o abismo
outra vez, o fall in love que acaba sempre em lágrimas. Porque
depois de tantas cicatrizes sabes que, eventualmente, no final dessa queda por amor vais acabar despenhado e destruído.
Mas conheces
alguém. Alguém que te faz sorrir, com quem gostas de estar, que parece diferente.
Começas a sentir a necessidade de estar com essa pessoa, de vê-la uma e outra
vez, de conversar horas e mais horas com ela. Cais e deixas-te cair.
“Porque não? Poderá
funcionar, poderá ser ela”,
pensas.
E funciona, sim.
Ela traz-te alegria! Todos os dias vais dormir com um sorriso, porque sabes que
tens alguém do outro lado e todos os dias tens um grande e incrível motivo para
te levantares.
O problema é que
precisas de mais e mais. Não por uma questão de egoísmo mas porque precisas de
provas em como ela é diferente, precisas de saber que podes confiar outra vez
em alguém, desta vez sem te magoar. Todos os dias. A necessidade de saber que
és tu e apenas tu que ela ama e com quem quer estar. Que és tu a sua
prioridade. E não acaba por ser essa a “função” de quem proclama o seu amor por
outra pessoa? Todos os dias mostrar que está lá, que és tu o seu número um.
Porque, se for para dar provas de amor de vez em quando, qualquer pessoa entra
na tua vida ou vice-versa e quando lhe der na cabeça “Aqui está uma prova
romântica!”. Isso é o que faço pela minha melhor amiga, pelos meus amigos: nem
sempre falamos, nem sempre fazemos coisas especiais ou sabemos tudo sobre a
vida de cada um, mas sabemos sempre que lá estão para ti e tu aqui para eles,
seja para o que for.
Sim, sou bastante
exigente. Demasiado, estupidamente exagerado. Mas quem me ama, ou aceita e
prova que quer aqui estar todos os dias, ou não tem outra opção senão seguir em
frente.
Se precisas de provas, então não é amor. Ou pelo menos não é verdadeiro. Porque o amor não é exigente, sabes? O sentimento em si só existe, só está lá, puro, forte e consistente.
ResponderEliminarSe mereces o amor de alguém ao ponto de ter esse alguém estar ao teu lado, para quê provas e provas constantes? O amor por si só não chega?
E este constante pisar e repisar da relação não será injusto para a outra metade, não será desgastante? Será que tu também não precisas de provar o teu amor, amando simplesmente sem pedidos ou exigências?
E mais, poderemos nós fazer de uma relação um termo de comparação para outra? Como uma etapa a superar ou um nível? Será justo exigir a um que seja melhor que o outro (anterior)? Em que medidas pode alguém ser melhor, ou pior?
Numa relação eu quero ser igual a mim mesma, não quero ser melhor para ti ou melhor que alguém, mas sim apenas eu... Porque um relacionamento é o culminar de um gosto, de um gosto que nasce de mim por ti e de ti por mim, com todas as nossas qualidades e com todos os nossos defeitos.
As relações não deveriam ser complicadas pois o amor, esse, não o é. Nós é que as tornamos (e o tornamos, consequentemente). Se uma relação toma dois, então não à lugar para egoísmos. Se não somos capazes de abdicar de nós, o melhor mesmo é seguir em frente.