Acabou mais um. Mais um ano repleto de sorrisos e lágrimas, amores e desamores, ilusões e desilusões, conquistas e perdas, preenchido de momentos únicos e irrecuperáveis, 365 dias que agora não passam de memórias. Mas sem demora chega outro, completamente novo e à espera de ser recheado com novos momentos, novos locais, novas pessoas, novas amizades e amores, e mais umas quantas desilusões.
Acredito que é comum esperar algo melhor, menos tristezas e mais alegrias. Eu espero isso mesmo. Mas de que me vale a esperança? Não me traz nada, a não ser um pouco de conforto. Expectativas? Não as tenho, o sofrimento depois da desilusão é bem maior. Tenho consciência que depende apenas de mim e da minha vontade. Mas a verdade é que falho sempre na vontade. Deveria aproveitar esta transição para traçar novos objectivos, reforçar a minha força de vontade, lutar pelo que quero. E, para além do que eu já tenho, o que quero eu? Manter o que tenho de bom, expulsar todo a negatividade da minha vida. É claro que não quero viver um “felizes para sempre”, não quero uma vida facilitada. Afinal, que piada teria uma vida sem lutas? É na conquista, no fim da batalha, que experimentamos uma das melhores emoções, a sensação de que todo o esforço feito valeu a pena. Mas, para isso, é preciso que haja vontade para enfrentar o que quer que seja que atravesse o nosso caminho e nos tente derrubar.
Confesso continuar sem objectivos concretos traçados. Isso talvez me impeça de lutar, porque não tenho objectivamente nada por que lutar, mas essa é uma aparente defesa contra as decepções. Sinto-me um bocado perdido, ainda sem me conhecer totalmente, sem totais certezas. Continuo à espera do momento em que as dúvidas irão desaparecer, em que vou ter certezas sobre o que quero e sobre o que é melhor para mim. Mas quem é que eu quero enganar? As dúvidas é que serão sempre certas, nunca irei saber exactamente qual é o melhor caminho para mim porque todos são incertos. E neste campo estamos todos no mesmo barco, mesmo estando sozinhos, pois ninguém vai lutar no teu lugar, ninguém vai traçar os teus objectivos ou delinear o teu caminho.
Tenho plena noção que é crucial abrir os olhos, deixar a estúpida ideia de que se deixar andar tudo vai correr bem e que o destino eventualmente levar-me-á onde é suposto. Habituei-me à minha zona de conforto, deixando-me levar pela corrente. Mas isto não é viver a vida, é desperdiçá-la. As oportunidades vão morrendo, portanto este talvez seja um bom momento para abandonar o conforto e arriscar.